segunda-feira, 18 de julho de 2016

O que se dissolve, não permanece.



Na água quase nada permanece,  quase tudo dissolve, e o que não se dissolve é duro e levado pela correnteza.
Passo por diversos lugares, dissolvo nas experiências e vícios daqueles mundos, mas ali não permaneço. Num movimento de imersão, dissolução e emersão saio com o corpo nutrido.  O movimento da água me leva a outro lugar onde novamente me dissolvo;  incrustada de partículas amalgamadas  para  me  dissolver novamente, chegar e partir,  aglomerada por  partes que me integram e me ajudam a  ser.

   





A consistência fluida, ao contrario do que muitos pensam, pode ser talvez sinônimo de sabedoria e não de alienação. O rígido não se permite dissolver no outro para conhece- lo, teme as influencias da forma alheia. Talvez sua robustez seja casca, talvez seja ele tão frágil e ambíguo  quanto a estrutura do ouriço, que faz questão de exibir seus aguilhões. Ouriços não se dissolvem,  pele e escama sim, pois tem consistência leve, permite abstrações criando possibilidades  de pura beleza,  sempre volta a sua forma, porque nunca a perde. Os solidificados perdem sua forma pelo desgaste;  a água dissolve sempre;  a textura fluida sabe se dissolver sem perder um pedaço. A substância permanente nunca mais se recupera, porque subestima a força da água.  A força da água é invisível, mas persistente. A força do objeto sólido é visível mas imanente. O  sólido permanece e se perde, os fluidos se dissolvem. É melhor não permanecer. 



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