Minha trajetória artística começou no curso de Artes Plásticas da Escola
Guignard/ UEMG.
Especializei-me em fotografia e pintura, embora meu trabalho se estenda
por outras técnicas. Meu ponto focal na fotografia é a figura humana, trabalho com modelo
vivo e tenho investido nas suas expressões porque dão movimento às imagens num
sentido dramático, precipitando a força da mensagem. Percebo ser muito natural para
quem faz Arte Contemporânea a dificuldade de conseguir expressar, quase
que integralmente, o que se idealiza para determinada obra, de forma que o
espectador capte uma percentagem, considerável do pensamento fundamental do
artista. Na maioria das vezes em que visito exposições de Arte Contemporânea, a
essência da obra só viria depois que eu lia algo sobre ela, ou se eu já
conhecia algum ponto da trajetória do artista. Concordo que a arte
deve ser uma ponte entre o pensamento do artista e a leitura do espectador, mas creio que deve haver
um equilíbrio entre as expectativas: artista – espectador, já que muitas vezes
a linguagem conceitual do artista se dilui somente lhe restando as suas cruas formas,
que para a arte pós-conceitual já não é o suficiente. Esse é o maior desafio,
proporcionar um equilíbrio entre a minha visão e a de quem vê meu trabalho. O
equilíbrio é o desafio da Arte da pós-modernidade, onde é muito fácil a ideia
principal do artista se perder num turbilhão de informações imediatas num tempo
de escassa assimilação, mistura e superficialidade que nossa cultura atual nos
leva.
. Encontro no meio de arquivos antigos este trabalho que foi feito em 2008, são retratos, onde carimbei a testa de algumas
pessoas com um carimbo escrito a palavra “pago”, em vermelho; desses que as lojas usam
quando compramos uma mercadoria. As pessoas que foram fotografadas admitem e professam o
sacrifício de Jesus de Nazaré por suas vidas, elas são pessoas que
vivem essa realidade e o termo pago significa que elas foram compradas por Ele,
foram restituídas, transformadas, aceitas e humanizadas.
Afinal de contas, todos nós carregamos em nós um “pago”, mas pago pelo que? Quem ou o que tem nos comprado? Quantos hoje são como mercadorias
compradas pelo materialismo, hedonismo, pelo suborno em detrimento
à justiça, etc. Qual é o preço de cada um de nós? Estes e outros possíveis
questionamentos em torno de uma cultura materialista e individualista abraçam a
reflexão deste trabalho que resgatei com imensa alegria.
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